Poderá a Tecnologia Intensificar a Dependência da América Latina em 2025?

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A Integração Tecnológica e Seus Impactos na Periferia do Capitalismo

A tecnologia tem sido um motor do desenvolvimento econômico global, mas seu impacto é desigual entre regiões centrais e periféricas. Na atual divisão internacional do trabalho, enquanto os países do Norte Global investem pesadamente em pesquisa e inovação, as economias da América Latina enfrentam desafios estruturais que as mantêm em uma posição subordinada.

Países como China e Estados Unidos lideram a corrida tecnológica, dominando setores como Inteligência Artificial, Big Data e computação em nuvem. No entanto, para as economias periféricas, a integração nesse sistema muitas vezes significa reforçar padrões de dependência, aumentando a extração de dados, a exploração de matérias-primas e a superexploração da mão de obra. Essa dinâmica é explicada pela teoria marxista da dependência, que analisa as relações desiguais no sistema capitalista global.

 

Subimperialismo Digital: O Brasil no Cenário Tecnológico Global

O conceito de subimperialismo, desenvolvido pelo economista Rui Mauro Marini, descreve como alguns países periféricos buscam uma posição intermediária no sistema capitalista, colaborando com potências hegemônicas enquanto mantêm sua dependência. O Brasil é um exemplo clássico desse fenômeno, atuando como fornecedor de commodities e matérias-primas para grandes corporações tecnológicas, ao mesmo tempo em que desenvolve algumas iniciativas próprias, como plataformas digitais locais.

Empresas como o iFood demonstram essa dinâmica ao se consolidarem no mercado latino-americano, mas ainda dependem de investimentos estrangeiros e da infraestrutura global dominada por gigantes tecnológicas dos Estados Unidos e da China. Esse modelo de crescimento reflete uma forma de subimperialismo digital, onde o país participa da economia digital, mas não detém controle sobre as tecnologias fundamentais.

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A Exploração do Trabalho na Era Digital

O avanço tecnológico tem intensificado a precarização do trabalho. Trabalhadores de plataformas digitais, como motoristas de aplicativos e entregadores, operam sem garantias trabalhistas, enquanto cientistas de dados e programadores enfrentam desafios como automação e terceirização. A crescente dependência de serviços digitais acentua essas desigualdades, com uma parcela significativa da população exercendo funções essenciais sem segurança econômica.

 

Nos Estados Unidos, por exemplo, empresas como Google e Microsoft lideram o desenvolvimento de Inteligência Artificial, acumulando patentes e consolidando seu monopólio tecnológico. Enquanto isso, a China investe trilhões de yuans para se tornar líder global no setor até 2030. Já na América Latina, a dependência tecnológica impede que se crie um ecossistema próprio robusto, resultando em maior vulnerabilidade econômica e social.

Colonialismo de Dados e Soberania Digital

A apropriação de dados também desempenha um papel central na dependência tecnológica da América Latina. Grandes corporações estrangeiras acessam informações estratégicas de governos e cidadãos, utilizando-as para fortalecer seus modelos de negócio. Esse fenômeno é descrito como “colonialismo de dados”, onde a extração de informações se torna tão valiosa quanto a extração de matérias-primas no século passado.

Sem uma política sólida de soberania digital, os países latino-americanos correm o risco de permanecerem dependentes de tecnologias estrangeiras. O Brasil, por exemplo, ainda carece de investimentos significativos em infraestrutura digital e regulação para proteger seus dados nacionais.

Conclusão: O Futuro da Tecnologia na América Latina

A reconfiguração produtiva impulsionada pela tecnologia pode aprofundar as desigualdades econômicas e sociais na América Latina se não forem adotadas medidas estratégicas. A criação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias próprias, a regulação do mercado digital e o fortalecimento da soberania digital são fundamentais para evitar um ciclo de dependência ainda mais profundo.

A teoria marxista da dependência continua relevante ao analisar as relações econômicas globais, revelando como a inserção periférica na economia digital não representa uma real emancipação tecnológica. Cabe aos países latino-americanos estruturarem estratégias para garantir um desenvolvimento mais autônomo e menos vulnerável às dinâmicas impostas pelo Norte Global.

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